História sobre amamentar pequenos seres parte II

Já consigo continuar.

No anterior post acabei a falar sobre a chamada com o pediatra. Ora então. Ele estava ausente, impossibilitado de observar o Mateus. Logo me disse, eu confio no que me está a dizer mas não posso, nem vou desvalorizar a minha equipa, por isso vão as urgências para o menino ser observado.

Eu concordei imediatamente. Disse mesmo que também preferia que assim fosse. Por um lado, eu como mãe poderia estar a não olhar direito para o meu filho, por tantos sentimentos à mistura. Por outro lado, como enfermeira percebo a responsabilidade que “carregamos” em cada decisão que tomamos. Em cada avaliação, afinal está uma vida em jogo. Por isso, nós estávamos em sintonia. Eu estava cansada e desacreditada em mim mesma. Precisava de uma pausa, de que alguém de fora, imparcial, olhasse para o meu miúdo.

E lá fomos, com a preocupação estampada no rosto. E eu, com uma tristeza em mim, pensando que de alguma forma estava a falhar para com ele. Agora sei que não!

Foi avaliado, reavaliado. E no final logo me disseram… ele está ótimo! Ótimos reflexos e está a aumentar de peso. Demora é mais um pouco a engordar.

Em mim pensamentos mil… mas principalmente alívio!

Discutimos sobre a amamentação e suplementação. Ambos a manter mas a priveligiar a amamentação. O objectivo era recuperar o peso de nascença e depois então pensar em retirar o suplemento de forma gradual.

Ainda assim, toda a cautela era pouca. Então regressamos ao hospital mais duas vezes para controlar o peso. E sempre a aumentar. Ao ritmo dele. Comigo a acompanhá-lo.

Ao final do primeiro mês, com outros tantos percalços, inclusive um internamente por causa de um pico febril. Lá estava ele, no bom caminho, a ser amamentado em livre demanda e com o complemento. Passado o peso de nascença o caminho foi mais tranquilo mas sempre lento. Ou melhor, ao ritmo dele.

Aos poucos fomos diminuindo o leite de biberão mas, levou meses. Por, principalmente, medo meu… os meus pensamentos eram sobretudo “e se tem fome mas não se queixa…” e “se não está a ganhar peso”…

Lembro-me de ir de férias a Portugal e ir pesá-lo ao centro de saúde. Lembro-me de ver a expressão da enfermeira ao ver a evolução do peso dele. Sugerindo sempre que continue com o suplemento. O meu pediatria disse que não precisava de o ir pesar e que podia tirar o suplemento quando estivéssemos confortáveis e se necessário voltar a introduzir. Voto de confiança que apreciei mas, depois de todo este caminho não sepultará as minhas angústias.

Eu sabia que ele mamava bem e estava saciado. Ainda assim, algumas vezes impingi-lhe o biberão e ele pouco ou nada bebia. Se tivesse fome iria querer, não é?

A minha melhor amiga muitas vezes me dizia que eu estava obstinada … e estava mesmo. Obstinada, preocupada, medrosa … perdida. Mas um dia, em casa da minha melhor amiga, decidi deixar de dar o suplemento e ver como corria. Bom sempre tinha uma especialista em saúde materna e obstetrícia a supervisionar.

Correu bem, muito bem! Muita maminha em livre demanda. De noite e de dia. Até aos 6 meses só mamou. Depois iniciámos a alimentação complementar.

Hoje, digo que acabo este post aqui com ele agarradíssimo a mim, a fazer a última refeição do dia para dormir a noite toda ( esperamos nós ). Tem quase 15 meses e mantemos a amamentação em livre demanda. Come muito e mama muito. É um bebé saudável, só isso importa no final das contas.

Chegamos até aqui com ajuda de muitos profissionais, muitos amigos que sempre estiveram presentes para me ouvir e ajudar, mesmo longe. A todos os que se preocuparam connosco, um muito obrigada, foi um longo caminho mas, conseguimos.

À filhota mais velha agradeço o apoio e as gargalhadas fora de horas, um aconchego ao meu coração. Até agradeço as birras, por momentos esqueci a problemática da amamentação… obrigada filha, por te ver a crescer a cada dia.

Ao marido agradeço o companheirismo, o espírito resiliente que nos acompanhou e apoiou incondicionalmente.

Tive sentimentos muito ambíguos durante este percurso. Por vezes senti que não estava a fazer ou a ver as coisas com olhos de ver. Mas retirei de tudo isto, que eu e o meu filho nos conhecemos melhor que ninguém.

As preocupações por parte daqueles que nos seguiam também eram válidas, no contexto de vida deles. Há sempre espaço para melhorar, para procurar e querer fazer melhor. Na area da saúde as surpresas menos boas podem surgir repentinamente, sei que não é nada fácil, principalmente quando crianças estão em questão. Não é à toa que sempre disse, que me poderiam pagar muito mas, pediatria não é para mim. Já obstetrícia é outra conversa.

Sei que muitas coisas que aconteceram, tanto no hospital como no pós-parto, podiam ter sido diferentes. Foram assim, como vos contei. Agora é aceitar, tirar o lado positivo e tentar ser melhor.

Repito. Apesar de tudo o que senti, sei que todos fizeram o melhor que sabiam para o Mateus. Inclusive eu! E agradeço por isso!

E desse lado? Como foi a vossa experiência?

Bisous PLiM *

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